Traduzido em:

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Quando se gosta, aportuguesa-se pra abafar

Quando se AMA (com letras maiúsculas mesmo), não há palavras e até mesmo as mesmas são insuficientes para descrever o mínimo a essas pessoas. Foi essa a conclusão dada ao se fechar o caderno de rascunho e guardar a caneta dentro dele logo pela manhã de ontem.
O início nada agradável de quatro linhas na folha. Início e único, nada mais fora escrito... " Neste mundo de correria, apêlos, ganância e poder, eis que Deus deixa em minhas mãos o mais necessário e belo de todos os presentes. Não sou tão digna de cuidá-lo e mesmo com um amor indescritível, às vezes pouco para tanta grandiosidade." E, ponto. Acabam-se as letras, não se formam palavras, muito menos orações com seus sujeitos e predicados.
Pormenoriza-se então, a Língua Portuguesa. Que dicionário curto! Cadê os exatos morfemas? Morfemas exatos não existem, sendo assim, seriam quase que matemáticos. Mas um "eu te amo" é tão banal para o hoje em dia, esdrúxulo e padronizado ao modelo televisionado.
Sinceramente, os significados perdem sua força quando alguém o vulgariza, mas eles perdem, sobretudo, sua essência quando não servem para designar o que é puro e sincero. E, é aí que eu digo, que mesmo sendo um idioma lindo, difícil, dá-se a ele um capilé e à todos os outros, a fim de, curar essa ausência aos que querem se expor na escrita.
Contudo,não há verso que discorra os gestos feitos de vocês para mim, não há estrofe que conte um momento se quer da maneira correta e não há samba nem choro, muito menos vela, que exponha o que é isso, nem mesmo em oração. Eu não me contento com "te amo", não me agrado com "te adoro", eu me contento com um "pra sempre" e um abraço apertado e chega, português incrédulo!

E, nada mais

E, quando "AS" pessoas me pediram calma e me disseram que tudo se encaixa em seu devido tempo, desacreditei. Mesmo assim, guardei comigo e, hoje, analisando peça por peça, percebo o quanto elas tem razão do que nos falam e, por mera tolice, acabei achando que eu é quem era a dona de todas as verdades e desejos.
E, quando li por tantas vezes que "nada é por acaso" e, por tantas vezes, achei clichê esse pensamento, cai hoje em mim o quanto ele é válido. Até por que, nada define o nada, apesar de se usá-lo por diversas vezes.
E, quando comparo o que eu almejei do que almejo atualmente, encontro-me em uma única resposta: o tempo te muda e você muda seu tempo. É simples, sensato, rápido e puro. O que houve? Na verdade, o que não houve?
E, e... e eu não sei. Apenas tenho a certeza de que as perspectivas não são as mesmas, são parecidas e desviadas. Nada mais justo, afinal, há em cada mente, cada coração e sonho, antes de mais nada, uma balança. Pesa-se, calcula-se e se obtém o que se acredita ser o mais correto e é, pelo menos no momento.
E, dá tempo de olhar pra trás? Antes não, por hora sim! Que bom, o tempo existe. Que bom, o tempo pode resgatar quem você ama e deixou no seu canto pela falta do próprio tempo. Sim, ele mesmo se conserta e você disserta cada ponto como uma agulha fechando o que deixou entreaberto com sua costura. Descostura mês, semana, dia. Costura minuto, ano e hora.
E, é madrugada... deixe a agulha aí, esconda-a! Quando precisar a mesma estará ali. Por enquanto, terminou-se uma carreira, iniciou-se outra, mas esta está tão calma, tão certa de si, que é a agulha quem espera seu sinal.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Assim "dei(A)xado"

No início frágeis, desconhecidos, medrosos e desentendidos. Mas passou. O tempo correu e tudo que estava demorando criou asas e como uma mágica, chegou. Uma pessoa passou, duas, três... passaram! Um minuto se foi, horas, dias, semanas, meses e anos, três, dois, um!
São datas, momentos, sorrisos. São provas, desesperos e alívios. São abraços, histórias e vidas. Festas, bebidas e pão de queijo. É a vida, da vida é. Notas trimestrais, musicais notas, sinfonia trivial. Hambúguer, filme e viagem.
O futuro nos espera e a gente se espera. Somos feitos de sonhos, de cores, conquistas. Eu quero é folia, medo e raça. Eu quero é folia, superação e sabedoria. Eu só quero alegria, amizade e 2010 moldando o que nos aguarda. E, no final, nossa estrofe.

sábado, 6 de novembro de 2010

Não saber é saber

Duvidoso, inexplicável, bom e ruim. É como se, por uma hora, tudo estivesse tão claro, tão explicado e óbvio. Por outra hora, nada se compreende, perde-se e parece escorrer por entre os vãos de meus dedos. Então, é aí que eu vejo que há vida nas coisas, elas sempre mudam, movimentam-se e seguem seu rumo. Certas coisas não dependem só de você, mas sim de todo um conjunto que lhe favoreça e você deixa acontecer, é como a vida quer. Será que ela quer?
Para completar o dia você tenta mudar a situação. Você sai da inércia, é melhor agir.Então você sente uma vontade súbita de gritar, é como se não fosse mais suportar, você só quer entender o sentido das coisas. Você recua, ser tranquilo é melhor, ter calma é necessário. Então guarde pra você, pare e guarde mais uma vez.
Eu queria ter o controle de tudo, eu queria poder dar todos os significados e todas as resoluções, todas as formas e fórmulas, mas a mim bastou apenas não saber o que é, o que será e como será. E é? Finalmente, eu não sei.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Aprendizado

Se me disserem que a vida é engraçada, eu retrucarei e direi que ela é repleta de surpresas. Nunca se sabe o que é proporcionado a você, apenas se sabe que algo você tem a proporcionar. Segue-se então, encaixes a cada momento e segundo de cada vida que se tem por todo o universo.
São colocados em você, como em uma espécie de tabuleiro, peças que acrescentarão o inesperado, o incerto, mas sempre o bom e belo, pois nada é em vão. Aparecem luzes e alegrias, talvez até no período que você mais precisa tê-las, no exato tempo. Tempo exato. E você não tem explicações para as mesmas, apenas almeja que permaneçam. Se não há explicações, pra que tê-las? Desnecessário saber o necessário. Imprevisível e desconhecido.
Segue-se então, siga. Prossiga. Mas nada é em vão. Por hoje eu quero continuar, deixa estar. Amanhã também, deixa assim. Bom está. É aprendizado, aprendiz eu sou. É momentâneo, pare o tempo. Só não deixe que o que passou passe.Então, permita-me com isso crescer. Permita-me andar, enumerar cada estrela de todo esse céu e para cada uma ter o que contar. Por tudo, eu só quero aprender.

sábado, 14 de agosto de 2010

Permita-me

Chega uma certa hora, hora certa. Hora de pensar, medir e pesar. Será válido seguir assim? É realmente importante ou então, relevante? E nada se conclui. Não há respostas, não há alguém para dá-las, muito menos para achá-las, a não ser eu mesma.
Eu queria voltar, tornar e retornar. Tempo. Eu não queria. Eu era uma criança e você não. Mas quem não é criança? Queria dizer que eu entendo e que foi tudo uma mera confusão, mas que passou. E ao mesmo tempo não passou. Por mais que eu queira, que eu tente e que algo me incomode e me aperte, não há mais tempo.
Creio que por hoje assim será. Tempo. Não sei amanhã ou daqui a algumas horas. É noite, o sono não vem, não há por que vir. Mas eu espero. Sinto-me pesada e inocente, leve e culpada. Olhos vendados, mãos cruzadas, pés congelados. Tempo.
Então por fim, um caps lock no delete. Um delete na ideia. Caps lock no superado. Mas por hoje passou, silêncio. Espero em meu canto a resposta. Ó, meu recanto, permita que eu durma já. Permita que ainda saiba sonhar.

domingo, 27 de junho de 2010

A Deus dará

Sábado. Fim de manhã. A rua se movimenta na sua pressa, escrava de seu precioso tempo. As pernas passam, são tantas, passam. Tantas pernas passam. Deixei minha sorte no varal, faça companhia ao tempo, por favor. Expus meus anseios na varanda de casa, deixei meu tempo pendurado.
Livros em mão, passos lentos, olhos ao alto, século XIX. O pé de um homem, desculpe-me. Olhava ao alto, séculos passados. Livros em mão, olhos ao baixo, atualidade. Um olá. Subo a rua, carros não passam, apenas gente, muita gente. Curta rua curta, que em seu final, alguém ganha seu dia, ganha seu pão. Perceptível estátua branca humana invisível. Notável, apenas aos que zombam e a mim. Imperceptível estátua branca ao sol, sua maquiagem não a sustenta mais, imóvel. Caixa de madeira ao chão, uma moeda. Analiso, um passo, medindo espaço.. "cesta!" A estátua grita. Susto breve.
Na banca não há nada de relevante interesse. Tempo gasto. Oh não, ele está em casa, no varal. Descendo a ruela, a estátua me avista, ela fala novamente, pergunta-me o por quê da pressa. Nem eu sei. Respondo-a. Ela está no varal, penso. Sorrio e tchau.
Faixa de pedreste, maçã do amor rejeitada, poesia de rua cantada, campanha na praça. O ônibus, acelere o passo. Não o acelere. Sinal fechado, ao alcance do ônibus. Lado da janela, lado da janela, lado da janela... não há lado da janela. Ao lado de um senhor, descanso meus joelhos. Olho disfarçadamente, em suas mãos calejadas "A águia e a galinha". "Gosta de ler?" Ele me pergunta. Olhada nada disfarçada, droga! "Uhum", respondo. Ele apenas ri, ufa. Passa-se dois pontos, ele se levanta, acena e se vai.
Lado da janela! o lado da discussão de um casal de namorados no ponto, de um senhor se deliciando com sua paçoca e a criança a olhar, o cachorro late, não se assuste senhora, é só um cachorro. Eu ri. 10 minutos, trem, 128 vagões, mania imbecil. Sinal. Desço.
Faixa de pedreste. 1, 2, 3, 4... 12 carros. E desde quando o 13 é o número da sorte? Mesmo assim não aposto. Atravesso. Minha rua. Minha casa. Gritam-me de maneira enrolada. É o bebê da vizinha. Meu Deus, mais um viciado em baton, isso passa? Fiel comprador diário como eu. Vício de 15 anos não de 1 ano e 9 meses. Um beijo, um abraço, cócegas, tchau. "Olha, aí está você sorte! Como foi a manhã tempo?"
Pendurei o que é de mais sedutor. Sinta o vento, olhe o sol, merecem ficar mais um tempo aí. Deixei minha sorte no varal, faça companhia ao tempo, por favor. Observem a luz, o pôr-do-sol, olhem a noite, por favor. Não há aval. Deixe-me a Deus dará e por hoje a sorte não virá, nem o tempo. Deixei-me a Deus dará.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mundo fechado

Por enquanto o mundo se fechou. Subindo a rua alta, fôlego esbaldado, mãos frias, mente soberba. Por enquanto os olhos se fecham, calam-se e o coração aperta, os sorrisos se fecham. A rua se acaba. Por enquanto o mundo se fechou. O céu rosa anuncia fim de tarde, parece serenata inconveniente que em mim fez moradia. A noite é fria, ela não brilha mais, não por hoje, amanhã quem sabe.
Gente humilde. Breve consolação, pronto desespero em pranto. Poste, esquina, meio-fio. Carros, pessoas e cachorros. Pressa, relógio, casa.Ensaia-se um rock, dança-se um blues, engata-se um samba. Água mineral, bamba a la bamba. Evoque-se. Não perca tempo, perca tempo. Hoje o mundo parou. Stop! Hoje o mundo parou.
Desliga-se o som, deixe sua mente. Enalteça-se, cresça. Ensaia-se um rock, dança-se um blues, engata-se um samba. Suco. Liga-se o som, não deixe sua mente.Por enquanto o mundo se fechou. Acaba-se o som, acaba-se a noite. Atire-se a brisa, toque o vento. Acaba-se a noite. Entorpeça-se. A noite veio, me deu um beijo e se foi. O sonho veio, amedrontou-me e se foi. Por fim, o sol veio, deu bom-dia e eu me calei. Aqueceu-me e eu me calei.
Ensaia-se uma cena, uma dança, caia na valsa, entre no tango. Ensaia-se um novo mundo, uma nova dança, uma nova vida. Caduca-se, faça-se, saia-se ao si.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Além do que se vê

E foi tocar suas mãos, apertá-las e olhar em seus olhos, os olhos mais lindos que já pude ver, que eu percebi o frio subir pelos meus pés e passar pelos seus dedos até você sentir o mesmo e comentar.Desconversei. Era desesperadora a idéia de te perder, de não poder mais te tocar e te ouvir. Era inimáginável eu me deparar com sua perda, esvaindo de minha vida sem ao menos eu fazer algo, eu, ser inútil. Sem sua voz, sem seu olhar, seu sorriso e sua sabedoria. Era totalmente insano eu não ter mais comigo o meu maior presente oferecido pelos meus pais, era insano eu não te ter. Única feita de imenso respeito e pureza, coração belo refletido em tua majestosa beleza. Nossas mãos se soltaram. O carro seguiu, o meu medo aumentou.
Sozinha, o rádio ligado, internet inútil. O telefone era ensudercedor, ele tocava, esquecido, nenhum número interessante, não para aquele momento. Duas horas se passaram, não havia fuga, não havia edredom, muito menos alguém que fizesse me esconder do mundo e nele me perder. Os pensamentos são os mesmos, o filme também, momentos desde minha mais velha infância até agora, em todos os flashes você. Em todos os telefonemas diários você, até os que apenas diziam que eram para ouvir minha voz e me mandar ficar com Deus. É, Deus! Cadê Ele? À Ele eu disse tantas coisas, à Ele eu pedi pelo amor mais sincero e necessário para que eu me mantivesse em pé.
Peguei o telefone, eu queria ouvir tudo, eu não queria ouvir tudo. Mas ele somente tocou. E como resposta, um grito no portão, o carro parara em minha porta novamente. Era você escoltada, era você linda, exuberante novamente, novamente pra mim, para as minhas mãos, para a minha vida. Um abraço. O mais forte, o maior alívio de todos, eu quis chorar, eu quis rir, sinceramente, eu quis gritar para o mundo todo me ouvir. Mas nada saiu de minha boca, de meus olhos, foi estranho, foi perfeito. Eu te amo desde o meu primeiro momento, eu te amo desde os meus piores momentos, desde o meu refúgio em sua casa, das horas que abandonei as fases ruins e me escondi de tudo e de todos com você, eu te amo porque você é o meu anjo maior, Deus me mandou você, eu sei. Eu te amo porque não existe nenhuma outra palavra ou forma que demonstre o que eu realmente eu sinto por você. Eu te amo e por esse minuto isso me basta.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Peço licença

Devido ao tempo, aos momentos...
temporariamente indisponível!
Hoje não há nada a escrever, creio que amanhã também não.
A cama pediu licença e se apossou de mim. Dela sou moradora por um longo tempo até que tudo permaneça em seu devido lugar, inclusive minhas ideias.

sábado, 22 de maio de 2010

O anjo velho

Da esquina eu vejo um senhor, vejo sua calmaria vindo em minha direção. Suas rugas apresentam sua idade e seu valor de uma vida longa. Suas mãos desconhecidas me mostram sua história e luta. Um chapéu marrom escuro. Calça bem passada assim como a camisa de punho. Relógio de bolso. Ele retira o chapéu e mexe em seus cabelos brancos que refletidos ao sol da manhã brilham intensamente, são lindos. Seus olhos claros parecem me descobrir ou ao menos, tentar. Mas nada sai de sua boca.
Ele se aproximou, olhou o relógio e sorriu. Correspondi meio encabulada, jamais havia o visto. Fingi estar lendo um papel de propaganda que em minha mão estava. Ele falou e era comigo. Ele me contou uma história, a que eu precisava ouvir. Disse- me ele:
- Olha moça, sabia que tem muita gente que diz que ouvir a voz da experiência é importante? Mas nem sempre é assim, eu sei disso.
O que aquele senhor estava querendo me dizer? Eu não o conheço, não sei seu nome e nem daqui ele é. Assenti com a cabeça e esperei ele colocar o chapéu e continuar:
- Conheci um garoto, hoje já é um homem casado, que morava com a mãe e irmã. Pais separados. A mãe dele sempre o incetivou a seguir a carreira militar e ele gostava da idéia também. Foi ele pra Academia Militar então. Passado um tempo, não suportando mais aquela vida foi falar com a mãe que ia largar e que não queria realmente seguir esse rumo. A mãe que tinha o sonho de ver seu filho lá formado não se conformou e não aceitou a mudança. Disse ao pobre rapaz que se largasse, teria que abandonar a casa também.
Pensei em dizer algo, não sabia muito bem o que expressar àquele corpo senil. Mas antes de qualquer objeção ou interrupção minha ele prosseguiu.
- O menino não quis nem saber, ele é que tinha que saber o que queria pra vida. Cada um sabe de si, não é mesmo? Então, ele deixou a mãe, foi morar no Rio de Janeiro com o pai, sua irmã também. Hoje em dia, é um danado sujeito bom de vida, honesto e requisitado arquiteto.
- É verdade, tem muita coisa que o ser humano não pode interferir na vida do outro. Cada um sabe de si como o senhor mesmo disse. Mais tarde você se responsabilizará por todas as escolhas feitas aqui na Terra. E assim é na profissão também, ainda mais sendo algo que moldará e fará de fato o decorrer da sua vida.
- Tá vendo? É isso que a mãe dele tinha que saber, mas não, preferiu entrar em discussão com o filho por um sonho que era dela. Ó meu ônibus aí, não sei se vou nesse. Ah, vou no de trás.
- Eu também vou no de trás.
- Ah, nem sou daqui. Vou pegar um outro na rodoviária. Nem pago ônibus mais.
Ele sorriu e deu sinal.
- Com o absurdo dessa passagem, não pagar ônibus é ótimo mecanismo de sobrevivência nos dias atuais.
Ele me respondeu em voz alta seguindo em direção a porta da frente do meio de transporte:
- Acordar todos os dias já é o mecanismo, moça!
Entrei no ônibus e ele veio ao meu encontro afirmando o que havia gritado logo ao entrar. Despedi-me dele que já havia começado uma conversa com o trocador e sentei em um banco mais a frente. Logo desci e segui meu dia.
Dia incomum. Hoje um anjo me visitou, hoje um anjo veio a me contar. Um anjo velho de chapéu, relógio e olhos brandos. Incomum dia para se ver um anjo, lugar próprio para se passar o tempo enquanto espera sua volta pra casa, local apropriado para se comprar doces e balas e adoçar a boca. Mas hoje eu quis mais, hoje eu preferi adoçar minha alma.

Folia no meu peito

"És um anjo in verso
Em presença e peso
Atrevo-me atravesso
Pra perto do peito teu"

Meu defensor incondicional chegou. Foi-se melancolia, sentimento indefinido da noite anterior. São 6:00 da manhã, o telefone tocou para que a porta fosse aberta. Você chegou. Meus olhos se abriram, acordei, sutil sorriso. Não levantei, meu coração se acalmou, ele finalmente chegou. Retornei ao sono.
É final de semana, dia de festa no fogão. Folia certa. Impresso em meu peito a falta semanal das suas risadas e brincandeiras. Bagunça na cozinha. Nomes de frutas, carnes e doces, só você que me apresenta. É dia de colocar o papo em dia e matar toda saudade que sinto, amanhã é dia de assistir o Flamengo jogar e gritar de maneira doentia, xingar o árbitro, cantar com a torcida, ser técnico. O meu refúgio, defensor eterno, fã torrencial .
A gente se parece, a gente se lembra. Coisas feitas de sua infância e adolescência refletida em minha vida,s em ao menos combinarmos. Doce combinação marcada pelo DNA. Não somos pai e filha, somos algo único. Nenhum medo quando envolta de seus braços estou, nenhum choro, orgulho exposto.
Um abraço. Um beijo. Uma risada inesperada. Meu final de semana se fez, amanhã será desfeito, não em peito. Eu te amo e assim será, que assim seja.

Presente diário

Manhã, o sol adentrava meu quarto, pois esquecera a cortina aberta na noite anterior ao observar o céu antes de dormir, sendo do sono tomada e da claridade despertada. Sexta. A vontade de permanecer deitada e a lembrança invadindo meus pensamentos: conversa de quinta-feira à noite.
É, foi estranho, instantâneo e, atualmente, imprescindível. Demorou meses, um ano talvez, pra que eu realmente percebesse o quão é bom pra mim, acredita em mim e em mim confia. Hoje eu posso dizer que percebo ao conversarmos a sinceridade que jamais perceberia que houvesse. Imaginara eu que passaríamos um pelo outro como apenas conhecidos. Não sei o que houve, de uns tempos pra cá isso tem mudado com uma certa intensidade absurda. Imaginara eu que a chatice era sua dona e como um estalar de dedo, opinião transformada ao conhecê-lo. Imaginara eu que fosse algum dia me sentir tão forte, tão amiga e necessária na vida de alguém, como me sinto quando a gente se fala.
Não há como não falar de Deus se ele nos aproximou, fez-me tornar alguém que inacreditavelmente sou, fez-me estar a um lugar pelas manhãs. Por gratidão, queira eu continuar sorrir, continuar a cantar, não deixar de chorar e me permitir seguir ao lado de quem a mim, foi-me presenteado.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Eterna embriaguez

Eis que pude sentí-lo novamente após um bom tempo. Não nos víamos, não havia tempo para uma conversa, muito menos o que se dividir. Mas passou. O tempo está livre e agora estamos nos vendo e nos apreciando novamente. A saudade bateu, a vontade dos velhos dias e o reconhecimento de sua importância se fez presente em meu dia. Fui atrás de você. Decisão adequada no momento exato. Procurei todos os seus jeitos, todas as suas formas e guardei tudo o que pude a seu respeito como primeira instância.
Finalmente, o primeiro contato, o reencontro. Fui acolhida da forma mais singela e melíflua. Minhas mãos percorriam pelo mouse a fim de saber cada vez mais o que tinha a me ofertar. Curiosidade pronta e cada vez mais prestes a se exorbir. Foi magnífico, foi maléfico e bom. Sábio e reconfortante. Era como se fosse nossa primeira vez, nosso primeiro momento. Bastou-me uma hora, para eu ter toda a certeza de sua relevância, de sua ausência e do bem que me faz. Bastou-me uma hora, para eu voltar atrás e tornarmos a nos falar. Era inevitável desviar o olhar de você, inevitável não continuar com aquela viagem em meus pensamentos que mais parecem um alucinógeno tomando contade mim. Houve um domínio sobre mim.
Não preciso sair do lugar para viajar com você, muito menos me emocionar e rir ao mesmo tempo da maneira que queiram e designam, imagino da minha forma e tiro minhas próprias conclusões, você me permite pensar da maneira mais desejada e concluir como eu bem pretender, mas eu não quero pretender, apesar de você já ter um fim, nele eu estou. Estou em você e com você desde o início. Mera telespectadora, companheira fiel de um refúgio irrevogável. É de você que me crio e devido a você recrio.Você não sai de minha estante a não ser para as minhas mãos, não sai de minha tela a não ser para dentro de minha cabeça, permitindo-me sonhar, criar asas e de você me embriagar. A você, minha eterna embriaguez.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Dando as cartas

Senti-me em uma mesa de bar, com as cartas na mão, pronta para jogar e joguei; aguardando a cartada do segundo jogador.
Era necessário falar, eu tive que falar, eu falei. Era como se aquelas palavras estivessem pressionando minha cabeça e o som se repetindo a cada segundo. Aguardei um tempo e disposta a dizer, eu disse. Sua cara não fora de surpresa e a minha, sinceramente, não sei demonstrar, muito menos descrever qual era e qual sua sensação naquele exato momento. Deixei exposto o meu ponto de vista e meu argumento, não sei se é aceitável ou acreditável, mas eu fui sincera, pelo menos acho que consegui transparecer tal atitude da maneira mais sensata e correta a se fazer. Já estava de saída, não havia nada a mais a ser dito. O assunto encerrado e o sinal da aula tocado.
Meu braço fora puxado e meus olhos te viu, não consegui desvendar nada, muito menos criar uma pré-concepção do que pensara. Um abraço. Um alívio. Uma dúvida. O que esse gesto significava de fato? Um fim, um começo ou um recomeço. Eu não sei.
Mas neste exato momento, eu só queria dizer que tudo o que fora dito antes e hoje foi a verdade. Se foi um impulso de ambos, foi verdadeiro e que mesmo que essa amizade não permaneça igual como eu desejaria que fosse, pelo menos ela foi sincera até o fim.

terça-feira, 18 de maio de 2010

E o mundo é perfeito

Se algum dia eu deixasse de acreditar na vida, eu deixaria de acreditar em mim. Deixaria de acreditar nos momentos bons aproveitados e dos momentos perfeitos frequentes. Dos sonhos realizados e dos choros abafados. Da loucura inconsequente e do erro assumido ou até mesmo omitido.
Se algum dia eu deixasse de acreditar que o tempo é bom, e pensasse que ele é ruim como todos dizem, a dor não teria passado, a tristeza esquecida, o perdão não teria sido dado e amizade concretizado. O amor se tornado certeza, seu olhar não seria sinônimo de eterna pureza e seu sorriso um alívio.
Se algum dia eu deixasse de acreditar, que há pessoas boas no mundo, eu desistiria de tudo, não haveria sentido amar, sorrir e chorar por algo imutável em mim e inexistente pra nós. E mesmo, às vezes, eu querendo desacreditar em algumas coisas, percebo que é uma tentativa inválida.
É impossível destruir o que você constrói e quem te constrói. Ninguém se molda, as pessoas nos moldam; são partes de mim, dessas partes eu sou. E se o tempo realmente passar e quando eu perceber sua passagem, nada se modificará; apenas se acrescentará.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Prosa cantada

Desta vez a tarde não estava ensolarada. Segunda-feira. Era uma tarde fria de fim de maio, o que não é típico daqui. Sons ensurdecedores e tudo estava em movimento, os risos fluiam, o papo se exaltava e cada um estava com quem e como se sentia melhor naquele minucioso momento. Bastou-me então, uma roda, cúmplices de um simples mp3, e a prosa musical surgiu. Não houve receio, pra quê o ter? Nosso canto foi sincero e nossa conversa sortida como o último confete do pacote. Assim nos sentíamos, assim o nosso refrão ia sendo criado, como o último momento, a última composição.
Quisera eu voltar a esse momento. Mas pra quê voltar? Eu o vivi e o que virá será o segundo refrão. Quisera eu que o tempo congelasse e se perpetuasse, mas pra quê? Ainda me resta mais um refrão. Foi tão simples, foi tão comum e tão raro.
E por que parou? Porque o samba acabou, a roda se desfez e o dia passou. A noite chegou e a lembrança doce ficou.
Não quisera Deus que eu fosse pra casa sem ter tal prosa, sem ter tal samba, sem tal doçura.

domingo, 16 de maio de 2010

Decidi ser feliz e me decidiram

Escandalosos desvaneios em vão. Decisão incrédula. Felicidade se tem ou não. Alegria e tristeza se desperta em frações de momentos. Sorrisos incontroláveis, instantânea transformação fisionômica. Olhar sublime, brilho constante. Felicidade transposta ao redor, cadeia desenfreada.
Se ser feliz é possuir características, soa-me transponível amargor. Se ser feliz é ter sorte, eu prefiro sonhar. Cobrirei-me de fantasias, nenhum medo, apenas desejo. Mesmo que seja cedo ou tarde demais, degustarei a vida, que até então, bem-vinda aos meus olhos, ao meu afago e descanso.
A essa equação me entrego, matemática de cálculos desconhecidos. Faça-me verdade, desenha-me em poesia e e que eu respire isso. Que eu tenha o que tenho, ou que nunca os perca, o que é pior. Orientação para uma composição rara, uma palavra fazendo verbo em minha vida para que eu não desista e que não desistam de mim.
Ainda assim, com o tempo passado, o relógio perdido, vago relógio, eu tenha fé pra lutar. Ainda assim, que a gratidão a todos os orquestrantes desse momento jamais seja esquecida. E que por esse segundo, eu relute como quem reluta pelo o que tanto espera. Não há medo quando há satisfação, se há satisfação há tesouro. Conservado tesouro em mim.