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sábado, 25 de junho de 2011

N' uma metade de hora

Prendi-me tanto ao relógio que já não sei o que é se esconder. Tampar-me do tempo tem se tornado cada vez mais difícil. Corro para não perder o ônibus mesmo não enxergando o dia e as manhãs que tem sido tão escuras e frias. Corro para dar conta dos exercícios pela tarde e depois dar aula ao pôr do sol. Corro do sono para ler à noite. Corro da vida pela vida.
Talvez seja um mísero detalhe, porém ganhar trinta minutos para uma pausa na última segunda feira foi secular. Sinceramente, não sabia nem por onde começar. Não sabia conduzir meus pés para a rua. Agora sim posso dizer RUA, pois antes era apenas o "caminho de ida e de volta". Parecia que estava sendo apresentada ao mundo. Queria ver tudo no mesmo segundo e o céu. Queria ver as casas que parecem ter asas e as faixas de pedestres que pintava o caminho da minha caça ao tesouro. Mas para onde eu seguia?
Dispensando respostas, subi as escadas rolantes e quando respirei fundo senti o mundo em meus pulmões. Eram números de um lado, gastronomia do outro, clássicos e específicos, infantil, adulto, juvenil. Ali estava o planeta em quatro bonitas paredes. Silêncio! Meus olhos acompanhavam cada canto daquela livraria e ao me deparar com um dos meus primeiros livros de infância, abri-o. Passei por cada página e figura e, quase como uma obsessão, devorei seu aroma. Cheiro de nove anos de idade, de mesma capa, de criança, de ingenuidade e herança de mãe.
E por ora, meia hora passa depressa.
Preciso correr que já é tarde e
tenho pressa!

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