O que mais me dilacera é a velhice. Não a minha propriamente dita. Esta me encanta. Porém, quando se trata do envelhecimento ao meu redor, fico perdida. Tudo se torna tão intangível e obscuro que por mais que eu procure, ou até mesmo, encontre uma saída, não deixará de ser uma ilusão.
Ontem, após um telefonema, eu tive a vontade de segurar dois corações, duas idades, sexos opostos. Eu tive a vontade de parar o tempo. Quem sabe até jogar tudo para o alto e aproveitar cada milésimo me imposto como um resto.
Uma vez brincar de ser Deus ou de ser vida já me bastaria. Pois qualquer coisa não é tão ruim quanto se ter ciência do que ocorre e nada a fazer senão ver.
Por dois minutos vou fechar os olhos e fingir não enxergar, vou fingir ser criança, com todo tempo a ser gasto e chorar apenas porque hoje é meu primeiro dia de aula, ou então, porque minha única dor é da queda do balanço. Vou fingir que não cresci e que as pessoas permanecem as mesmas, intactas e eternas, como eu sempre achei que elas fossem.
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