Prendi-me tanto ao relógio que já não sei o que é se esconder. Tampar-me do tempo tem se tornado cada vez mais difícil. Corro para não perder o ônibus mesmo não enxergando o dia e as manhãs que tem sido tão escuras e frias. Corro para dar conta dos exercícios pela tarde e depois dar aula ao pôr do sol. Corro do sono para ler à noite. Corro da vida pela vida.
Talvez seja um mísero detalhe, porém ganhar trinta minutos para uma pausa na última segunda feira foi secular. Sinceramente, não sabia nem por onde começar. Não sabia conduzir meus pés para a rua. Agora sim posso dizer RUA, pois antes era apenas o "caminho de ida e de volta". Parecia que estava sendo apresentada ao mundo. Queria ver tudo no mesmo segundo e o céu. Queria ver as casas que parecem ter asas e as faixas de pedestres que pintava o caminho da minha caça ao tesouro. Mas para onde eu seguia?
Dispensando respostas, subi as escadas rolantes e quando respirei fundo senti o mundo em meus pulmões. Eram números de um lado, gastronomia do outro, clássicos e específicos, infantil, adulto, juvenil. Ali estava o planeta em quatro bonitas paredes. Silêncio! Meus olhos acompanhavam cada canto daquela livraria e ao me deparar com um dos meus primeiros livros de infância, abri-o. Passei por cada página e figura e, quase como uma obsessão, devorei seu aroma. Cheiro de nove anos de idade, de mesma capa, de criança, de ingenuidade e herança de mãe.
E por ora, meia hora passa depressa.
Preciso correr que já é tarde e
tenho pressa!
Traduzido em:
sábado, 25 de junho de 2011
terça-feira, 14 de junho de 2011
De olhos vendados
O que mais me dilacera é a velhice. Não a minha propriamente dita. Esta me encanta. Porém, quando se trata do envelhecimento ao meu redor, fico perdida. Tudo se torna tão intangível e obscuro que por mais que eu procure, ou até mesmo, encontre uma saída, não deixará de ser uma ilusão.
Ontem, após um telefonema, eu tive a vontade de segurar dois corações, duas idades, sexos opostos. Eu tive a vontade de parar o tempo. Quem sabe até jogar tudo para o alto e aproveitar cada milésimo me imposto como um resto.
Uma vez brincar de ser Deus ou de ser vida já me bastaria. Pois qualquer coisa não é tão ruim quanto se ter ciência do que ocorre e nada a fazer senão ver.
Por dois minutos vou fechar os olhos e fingir não enxergar, vou fingir ser criança, com todo tempo a ser gasto e chorar apenas porque hoje é meu primeiro dia de aula, ou então, porque minha única dor é da queda do balanço. Vou fingir que não cresci e que as pessoas permanecem as mesmas, intactas e eternas, como eu sempre achei que elas fossem.
Ontem, após um telefonema, eu tive a vontade de segurar dois corações, duas idades, sexos opostos. Eu tive a vontade de parar o tempo. Quem sabe até jogar tudo para o alto e aproveitar cada milésimo me imposto como um resto.
Uma vez brincar de ser Deus ou de ser vida já me bastaria. Pois qualquer coisa não é tão ruim quanto se ter ciência do que ocorre e nada a fazer senão ver.
Por dois minutos vou fechar os olhos e fingir não enxergar, vou fingir ser criança, com todo tempo a ser gasto e chorar apenas porque hoje é meu primeiro dia de aula, ou então, porque minha única dor é da queda do balanço. Vou fingir que não cresci e que as pessoas permanecem as mesmas, intactas e eternas, como eu sempre achei que elas fossem.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Tamanho de Felicidade
O Sol tímido iluminava
sua pele negra reluzente.
Expunha sua magreza
em pés descalços ao chão
e fazia de seus dentes brancos,
reflexos de felicidade.
Firmemente carregava em sua mão,
troféu em forma de pedaço de pizza.
Esta era mastigada com tanto sorriso
que nem reparei na sua roupa,
muito menos na idade.
Eu fitava sua boca.
Uma criança devorada por alegria em pedaço.
sua pele negra reluzente.
Expunha sua magreza
em pés descalços ao chão
e fazia de seus dentes brancos,
reflexos de felicidade.
Firmemente carregava em sua mão,
troféu em forma de pedaço de pizza.
Esta era mastigada com tanto sorriso
que nem reparei na sua roupa,
muito menos na idade.
Eu fitava sua boca.
Uma criança devorada por alegria em pedaço.
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