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quinta-feira, 19 de julho de 2012
Equilibrando-se até desaguar, "es" aguar, saguar, aguar, guar, u ar, (ser) ar, r...
Posso ser louca, ser tonta e boba. Posso até flutuar, perder horas em meus devaneios e ainda me equilibrar sobre as linhas de um livro. Eu posso. Eu poderia. Eu "repoderia". Mas acho que tonteei tanto que acabei me desequilibrando das linhas e afogando nas palavras...
Não sei bem quando me afoguei. Só sei que me sinto cristalizar. É como nadar, nadar e nunca ter fim. É como sentir que está a favor da maré e ela cair em ressaca e te jogar pra lá e pra cá de uma maneira tão brusca que não SI percebe mais. Adormece! Tece e padece! E ao se despertar, percebe-se endurecido pelo sal. Que sal? Sal é pouco, é preciso uma receita inteira.
Dói. Dói tanto que chega a ferir o que se tem por dentro. Machuca porque você não tem mais os olhos de 15 anos atrás. Acredito que a única coisa que não se petrifica em um homem são os olhos. Estes, sempre vão te surpreender e fazer com que você enxergue o que nunca lhe viria a mente. Os olhos do homem fazem ver um outro homem, seja este você ou eu, ele, ela, nós, estes.
Às vezes -ou sempre-, eu só queria permanecer a andar na garupa de uma bicicleta antes das 7h e acenar para os senhores de capacete branco da Siderúrgica como sinal de "Bom dia", acabar a atividade para ir brincar no balanço e/ou no escorregador, despedir-me com um doce de goiabada feito em casa e retornar para a garupa da bicicleta cinza.
Por essas, é que contemplo o passado. Aquele que bolo era feito de terra, café era feito de ar, que boneco da brincadeira era a própria boneca, que todo mundo dormia no mesmo colchão na sala, que o chinelo marcava o campo de queimada e que a queda de luz era motivo para que todos se juntassem em uma casa em roda ao chão, acendessem uma vela e contassem uma história.
Por tudo isso, que é difícil crescer. É difícil aceitar que se endurece. Uns mais cedo, outros mais tarde. Talvez nunca ou sempre. É de atormentar acreditar, que aos poucos, cada um sofre desse mal. A gente adoece e quando percebe, foi-se. O homem em outro homem. Só não lhe bastar ser. É preciso caber. Caber no tempo, no mundo, no assunto, na vírgula da linha do livro. E de consolo por essência, embebedo-me da água salgada, escorrego na palavra e paro na reticência. Esta que abre espaço no mar entre o nadar e o sonhar.
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