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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Não clames por tanto, meu bem
Se tudo se foi, a culpa não é nossa.
Não há pecado, portanto.
Há anseios opostos,
pedaço de vida.
Há um tango na sua esquina e,
um samba à minha espera.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Que vontade de ser seres

Antigamente, não tinha a visão de domingo generalizada. Os meus domingos eram tão mágicos. Já fui narradora, filha, bailarina, cantora, palhaça. Já fui bicho. Eu fui quem eu realmente sempre quis ser.
Perdi tantos jogos do meu time. Perdi o Flamengo jogar e suas finais. Ouvia os gritos da rua, fogos e me continha ao máximo para não explodir de felicidade quando ele fazia gol nos momentos mais inadequados. Mas valeu tanta pena. Eu não perdi nada, eu só ganhei.
E hoje, em uma rede social na internet, vi o comentário de um amigo que também já foi tantas coisas, mas que vai voltar a ser. Que vontade de ser seres. Que vontade de estar com esses seres e de abraçá-los no início da noite e final do fim de semana, após comermos pipoca, tomarmos sorvete e vermos uma roda de capoeira na praça.
É do domingo que eu tenho saudade, é da roda de violão, dos pés descalços no palco, dos tombos, das discussões misturadas com ideias, preocupações com o tempo. Um aperto de medo do que irão sentir, se irão aprovar e se tudo dará certo. Uma saudade que só parece aumentar e que parece ter sido fantasia. Afinal, eles nunca me soaram como um simples domingo.

sábado, 7 de maio de 2011

Um único desejo

Certa vez, ainda criança, tive um sonho em que você possuia um fecho e que conforme ia o abrindo, transformava-se em outra pessoa, além disso, tinha o poder de se transformar em miniatura. Eu nunca o comentei e muito menos o compreendi, mas sempre o guardei comigo.
Porém, nessa semana, ao me desesperar diversas vezes, chegar em casa e não encontrá-la pra desabafar e pedir carinho, consegui compreender o sonho de anos atrás. Mesmo você não estando em casa, mais que depressa liguei para o seu celular e quando o atendeu, desabei como tava doida pra fazer. Eu sei que estavas a uma esquina de distância de mim, mas não sabes o quanto que queria que me abraçasses de apertar os pulmões.
Então, como toda necessidade faz despertar... eureka! Descobri que sinto sua falta, mesmo que distraída a cada instante, que não há amor e sinceridade maior que alguém possa me oferecer. Desvendei que você é tanta coisa, mas sempre a mesma pessoa. É tudo o que há de mim e que viraria o que fosse pra me ver bem.
Se eu pudesse fazer uma mágica, seria a de nunca te perder, de poder ter uma miniatura real sua para poder carregar sempre comigo enquanto cada uma vai para seu canto. Porém, isso não passa de um desejo egoísta meu, um desejo de extrema importância.
Confesso que não sei como vai ser quando nos separarmos. Confesso que penso nisso constantemente, na esperança de poder encontrar uma solução. Confesso que mesmo me iludindo, nunca vou deixar de procurar um jeito e confesso que sempre que algo dá errado tenho medo de te decepcionar, pois conforme dizem, não adianta termos um jardim na própria casa, senão cuidarmos dele por todos os dias.
Não gosto de Dia das Mães, eles me fazem lembrar que mais um ano se passou. Eu gosto de você e falar amar se torna banal demais para algo imensurável. Eu não tenho mais nada a dizer a quem sempre aqui esteve, eu só tenho a pedir que seus abraços, voz, braços e beijos de ida à escola permaneçam sempre.

É por choro e vela

Eu cheguei a pensar que tudo ia ser tão difícil, tão duradouro e febril. Pelo menos, quando não atingi o que tanto esperava e vi várias pessoas seguindo, cheias de dentes expostos aos raios de sol e molhados com a chuva. Mas expostos. Enquanto eu procurava me esconder em alguma sombra de um outro corpo que não fosse o meu mesmo, enquanto eu fingia já esperar e nem ligar para o que viria. Nem sombra eu possuia. Eu fingia tê-la.
Tive tanto medo que chegava a doer minha pele e meu coração se apertava tanto que parecia que ia sumir em meio a tantas lágrimas. Queria gastá-las em pernas, pés e ruas. Eu andei tanto, dei diversas voltas e só fui parar quando não tinha mais fôlego para ver tantas caras olhando pra mim, tantos carros passando e tanta sede. Almejava um outro corpo, queria uma outra alma, eu só queria.
Ah, se eu pudesse ser sonho. Se eu pudesse criar asas e voar conforme o vento quisesse, sem tempo, sem dúvida, sem direção. Ouvindo-o sussurar ao meu ouvido e sentir meu rosto arder de tanto o cabelo bater em minha face. Uma viagem com a esperança que ao meu retorno estivesse tudo em seu devido lugar. Porém, não deixei de me refugiar. Pousei sob os cuidados de quem sempre esteve comigo. Naquele exato momento, compreendi que guardamos pedaços de todas as fases de nossa vida, de cada instante. Eu tinha me tornando tão indefesa. Eu tinha me tornado uma criança, estava descabelada e me encontrava deitada ao colo de quem pedia proteção.
Uma lembrança tão presente que parece ter acontecido ontem. Mas como me disseram uma vez: " Você tem o mundo em suas mãos", eu desabafei o que pude, descarreguei meu espírito e o recarreguei. Se as pessoas exibem seus próprios dentes, hoje eu não sei. Eu sei que eu exibo cores, mas elas são tão fortes, que acredito que ninguém as vejam. São tão lindas e ninguém mais precisa notá-las. Cada um tem as suas e eu não tenho medo de usá-las, são tão armas, são tão pacíficas, são fontes de luz. E, caso as use de forma inadequada, saberei que foram na tentativa de consertar. Mas eu as usei.
Por hoje, eu agradeço o que eu senti. Eu me despeço de tantas coisas e me bem aventuro em tantas outras. Eu agradeço, por cada ponto iluminado que surgiu. Por cada espanto que teve e cada riso colocado. Eu agradeço pela chance de ter reiniciado, de poder errar, de cair e tentar. Agradeço por reexistir e não desistir. Vou acender uma vela pra comemorar e no alto do morro vou colocá-la para que todos possam ver o que é realmente iluminar, pois isso sim é viver.

domingo, 1 de maio de 2011

Eu protesto

Por dias, pensei que tudo tivesse sido ilusão transformada em algo inexplicável, ruim e interminável. Chegava a ser como uma doença contraida, que estava impregnada em minha alma e pele. Uma doença sem volta.
Não era um pesadelo ou próximo a um. Nos pesadelos, a gente corre, grita, tenta encontrar uma saída. Nele, você inventa e brinca de sofrer e correr perigo. Na vida, você brinca de lazer e corre contra o tempo.
Na última semana ou no decorrer dela, decidi me vacinar. Notei que o "inexplicável", a "busca de uma resposta" - não sei a denominação correta - se foi aos poucos. Eu não preciso tê-la.
As coisas se iniciam e terminam no momento mais adequado que se pode ter. Pode ser que a princípio todos discordem, mas depois de um determinado tempo - longo ou curto - as peças se acabam e o quebra-cabeça se encaixa, finalmente.
Muitos dizem que várias coisas não deveriam ter começado. Eu protesto! Muitos dizem que várias coisas não deveriam ter fim. Eu protesto! A ideia de início e fim me encanta tanto. Principalmente quando tenho a certeza de que possuo o recomeço na palma de minhas mãos.